Autora: Denise Cruz Candido Miranda de Souza
Atrevimento se cria!
Criei o meu na coletividade
Atrevimento de ser vista
De assumir minha identidade
Escrita é atrevimento
E atrevimento é liberdade!
Liberdade de ser quem sou
Do meu cabelo à minha cor
Liberdade de escolher
Onde quero estar e aonde vou!
O que foi? “Se assustou?”
Calma, vamos conversar.
Por que meu atrevimento te aflige?
Já parou para pensar?
“Cada coisa em seu lugar!”
E quem foi que parou para arrumar?
Quem foi que disse
onde tenho que me plantar?
A escolha é minha
EU me atrevo a decidir
o que quero,
o que eu vou me permitir!
E eu permito o meu Blec,
Meu brinco,
Meu colorido
Eu me permito dizer:
eu existo!
Eu me permito definir quem eu sou, me autodeclarar
Eu me permito divulgar
o afroamor e o afroamar!
Se antes eu era sozinha,
agora achei companhia!
Se antes eu era medo,
silêncio em mudo lamento,
Agora sou palavra solta,
Sou coragem,
Sou do coletivo parte,
Sou
ATREVIMENTO!

Denise Cruz Candido Miranda de Souza
Mulher, negra, professora na SME/RJ há 32 anos, atualmente integrando a GED da 6a CRE, traz Pavuna, Chapadão, Pedreira e adjacências nos seus versos que contam e encantam. Essa sua capacidade de transformar sentimentos em palavras e erguer corpo/voz na luta antirracista é admirável! E ainda está ali no limite com a Baixada Fluminense, onde nasceu. Para completar é a mãe de uma adolescente ativista, ou seja, atrevimento não cai longe do pé.