Cabe charme na educação infantil? Claro que sim!*

Autora: Andréa Cristina Figueiredo Pinto

No EDI Profª Roseane Vasconcellos, localizado no bairro de Barros Filho, zona norte do Rio, foi possível induzir a turma do berçário ao Movimento Charme.

Esse projeto é apoiado pela diretora adjunta da unidade, Glauce Moreira, pela diretora geral, Sheila Bayma e pela Denise Cruz, gerente de educação da 6ªCRE e elaborado e executado por mim, profª Andréa Pinto (Déia Cris).

Para amenizar o processo de adaptação da turma, pensei em algumas formas de receber essas famílias. Queria, de fato, que elas se sentissem acolhidas de forma a estabelecermos vínculo e segurança. Então, por que não os receber com aquilo que me faz tão completa? Por que não receber essas famílias de uma forma black, única, exaltando aquilo que é belo? Passei a receber minha turma ao som da Black Music, mais especificamente ao som de Charme.

Surgiu a possibilidade de eu dar acesso e oportunidade através da dança e da arte para os responsáveis do berçário. Proporcionar de forma concreta a mudança significativa na vida dessas pessoas através da arte. Propiciar a essas mães interessadas, que são as responsáveis mais ativas, que a arte afete de forma relevante lugares importantes como autoestima, criação e fortalecimento de vínculos, ampliação do repertório musical e, até mesmo, uma reestruturação educacional, já que charme é instrução e comportamento.

Poder engendrar uma conduta que expõe a exuberância de um povo que até hoje ainda é tratado de forma torpe, principalmente dentro da comunidade onde atuo, é muito especial para mim! A cultura Charme apesar de existir desde a década de 80, onde resultava em bailes que aconteciam em quadras de escola de samba, ruas, clubes e sob viadutos, não é bem absorvida pelos cariocas e adjacentes, em geral.

Cometem-se erros como, por exemplo, associarem o charme ao funk. São duas culturas originárias do povo preto, entretanto são vertentes completamente diferentes. Cabe à comunidade charmeira  mostrar, explicar, ensinar sobre o que realmente se trata o mundo charme.

Surgiu a possibilidade, através da dança e da arte, de oportunizar outras vivências às pessoas em situação de vulnerabilidade. Charme é comportamento… Charme é cultura… Charme é educação… Charme é saúde… Sim, charme é saúde! A dança traz vários benefícios ao corpo, como, por exemplo, requinta a coordenação corpórea, melhora cardiorrespiratória, ajuda no condicionamento aeróbico, auxilia na saúde mental, além de amenizar quadros de ansiedade, dentre outros benefícios.

E então, vamos charmear?

Link para a prática: https://drive.google.com/file/d/1XIe5kpaFcZq9mxXcYET1HIIIbc4obL04/view

(*) Resumos do Seminário de Boas Práticas em Educação Para as Relações Étnico-Raciais.