Cancel Preloader

Boas práticas no território da Creche Monteiro Lobato: “desaprender sobre para aprender com”*

Autora: Michele dos Santos Neves Nascimento

Levar para o II Seminário de Boas Práticas em ERER, realizado no ano de 2014, as práticas desenvolvidas dentro da Creche Monteiro Lobato (4ª CRE), localizada no Complexo da Maré, um território visto somente como violento, é de grande valia para cada profissional que está inserido nesse ambiente. Tal fato nos oportuniza levar para além dos muros da Creche uma realidade diferente daquela que é dita por quem não nos conhece. A partir do ano de 2022, em consonância com as leis nº 10.639/2003 e nº 11.645/2008, iniciamos em nossa unidade algumas práticas pautadas nas relações étnico-raciais negras e indígenas. No decorrer dos anos de 2022 a 2024, tivemos cafés literários com a visita de autoras que produzem literaturas afro-centradas, entre elas as autoras Sônia Rosa e Carol Machado, apresentando suas obras. Em abril, que é considerado o mês de luta indígena, tivemos a presença do autor Levi Puri, apresentando para nossas crianças através da sua literatura, as vivências, experiências e a cultura do seu povo. Fizemos uma roda de conversa com os responsáveis sobre o racismo e suas consequências e, nesta ocasião, tivemos a presença de uma mãe empreendedora que trabalha como trancista e pôde nos contar um pouco da sua história, também apresentando a sua prática. Prosseguindo com as práticas afro-centradas, tivemos uma apresentação com o grupo local de capoeira e dança cultural afro-brasileira maculelê, objetivando oportunizar a cada criança o direito ao conhecimento da sua história e ancestralidade. Isso pode permitir às crianças se reconhecerem pertencentes ao território em que vivem, como também estimular que se reconheçam em todos os espaços que desejarem ocupar. A mais recente das nossas práticas foi através do livro/música “O meu cabelo é bem bonito”, do autor e professor Alan de Souza Santos Pereira (2023), para trazer às crianças a diversidade, empoderamento e a prática do respeito para com o outro, dentro de cada particularidade e individualidade. No geral, as crianças demonstram receptividade em relação ao conteúdo apresentado, e participam com êxito das atividades voltadas para o tema. Estamos em um processo contínuo de desconstrução, e toda equipe tem unido forças para que cada dia mais estejamos inseridos em tais práticas, “desaprendendo sobre, para aprender com”.

Link para assistir compilado das aulas: https://drive.google.com/
file/d/1G7iieclESRUtAfIlyp55DH4EO7m9wDMC/view?usp=sharing

Palavras-Chave: Práticas afro-centradas. Lei nº 10.639/2003. Lei nº 11.645/2008.

 

(*) Resumos do Seminário de oas Práticas em Educação Para as Relações Étnico-Raciais.

Michele dos Santos Neves Nascimento

Moradora do Complexo da Maré onde atua desde o ano de 2019 como Professor Adjunto de Educação Infantil, na E/CRE(04.30.604) Creche Municipal Monteiro Lobato. Formada em Pedagogia pela Faculdade Unileya.

Referências

BRASIL. Lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira”, e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, 2003.

BRASIL. Lei nº 11.645, de 10 março de 2008. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, modificada pela Lei no 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”.

PEREIRA, Alan de Souza Santos. O meu cabelo é bem bonito. Ilustraçõe: Ricardo Sacih. Rio de Janeiro: Escrita Fina, 2023.

plugins premium WordPress